domingo, 30 de outubro de 2011

UM POUCO MAIS SOBRE INSTRUMENTOS MUSICAIS - SUAS HISTÓRIAS, SUAS FUNÇÕES

A água correndo por um riacho; o vento inclinando as folhas; o fogo alastrandos-e pela floresta; a chegada da primavera; a paixão de um homem por uma mulher; a trágica morte do ser amado; a alegre comemoração de um casamento. Os exemplos seriam intermináveis, e o mais surpreendente é que todas estas impressões podem não ser transmitidas por palavras, mas sim por SONS. É a magia da música, "uma outra vida dentro da vida", como disse Balzac. Seu poder é reconhecido: ela é capaz de influenciar ou entusiasmar, de nos alegrar ou entristecer; de despertar ternura ou agressividade.
E, para transmitir toda a gama de emoções experimentada pelo compositor, no momento da criação de sua obra, é preciso que o instrumento musical seja adequado. A função deste é passar, para quem ouve, fatos, pensamentos, sentimentos, impressões - às vezes toda uma história - concebidos pelo autor.  Não se pode, por exemplo, tocar uma música sacra com uma guitarra elétrica, assim como um violino não transmite corretamente as vibrações do jazz. Este tipo de música exige clarinetas, trombones, baterias e outros instrumentos que vibram. Músicas etéreas devem ser tocadas com harpa; as medievais ficam perfeitas com flauta; as sensuais ou melancólicas adaptam-se melhor a instrumentos de sopro, que despertam a idéia de calor. Já o sonho, o lirismo, as emoções mais sutis encontram ressonância impecável nas cordas de um violino.
À medida que a música se aprimora, nessa passagem de sentimentos e sensações, os instrumentos vão ficando mais requintados e aperfeiçoados. A era atual criou o órgão eletrônico, capaz de reproduzir os sons de quase todos os instrumentos, bastando para iso mudar seus registros, programando-o como se faz com um computador. Milênios se passaram para se chegar a este ponto. Escavações arqueológicas feitas no século passado, nas décadas de 50 e 60 , em Mezin, na Ucrânica, revelaram a existência de instrumentos musicais da era paleolítica, com cerca de 20 mil anos. Entre eles, chocalhos de marfim, "pulseira sonora", martelo de chifre de rena e outros feitos com ossos de mamute.
No Ocidente, há indícios de que desde os fins do Império Romano já existiam orquestras, embora só depois do século XVI é que elas começaram a ter as características das atuais. Apenas no século XVII é que os violinos passaram a fazer parte dela, especialmente nas igrejas e, progressivamente, seu número de instrumentos foi aumentando.
No século XVIII, uma orquestra pequena, comum, era constituída por dois violinos, dois oboés, duas trompas e dois contrabaixos. Harpas, flautins, corne inglês, bombo e pratos passaram a integrar as orquestras no século XIX. Beethoven aumentou o número de instrumentos e Wagner criou dimensão maior: a quantidade e a variedade deles passaram a ser quase as mesmas usadas atualmente: violinos, flautas, flautins,clarinetes, trombetas, trombones, bateria e outros.
No século XX,  a orquestra, em geral, passou a ser dividida em quatro grupos de instrumentos: os de corda, os de sopro de madeira; os de sopro de metal; os de percussão. Cada grupo tem um naipe que imita a voz humana. O violino possui o som do soprano; a viola, do contralto ( ou alto); o violoncelo, do tenor, o contrabaixo, do baixo. Uma exceção é o flautim que vai além desses sons e atinge um tom muito raro, correspondente ao sopranino.
Uma sinfônica ou filarmônica, geralmente, compôe-se de cerca de cem instrumentos; uns sessenta de corda; uns quinze de madeira; uns doze ou treze de metal e uns dez ou doze de percussão. Mas já houve e ainda existem orquestras bem mais numerosas. Fantástica, mesmo, foi a dirigida por John Strauss, em Boston, no Dia da Independência. Cerca de 10.000 músicos acompanharam quase 20.000 cantores com cem sub-regentes transmitindo o comando de Strauss para os milhares de executantes.

Um pouco da história e das funções dos principais instrumentos que compõe uma orquestra

Instrumentos de corda: Violino, Viola, Violoncelo, Contrabaixo e Harpa.
Eventualmente entra o Piano, instrumento de corda e de teclado, assim como o Órgão

VIOLINO


Tem quatro cordas e um arco e, para ser tocado, é mantido sob o queixo. Geralmente é o responsável pela melodia, pelo solo. Quase sempre é o grupo mais numeroso da orquestra, e de som mais agudo - só superado pelo flautim.
Stradivarius produziu os melhores exemplares e seu nome é sinônimo de perfeição nesses instrumentos. Os poucos com esta marca, ainda existentes, são considerados raridades.
Acredita-se que o violino surgiu no século XVI, com as características atuais, embora já existisse em outras formas. Há quem ache que ele é descendente do alaúde, instrumental árabe de origem remota.
Um dos mais famosos virtuoses do mundo foi Niccolo Paganini, falecido em 1840.

VIOLA


Um antigo tipo de violino, um pouco maior e com som mais profundo do que este. De timbre muito expressivo, chamado de "alto",  pelos franceses, provavelmente por reproduzir este tom da voz humana. Consta que esse instrumento é uma variante de outros da época medieval, tais como a "viola do amor" que esteve no auge durante o século XVII e o rabel, um instrumento semelhante na forma e no som, que era tocado pelos pastores, enquanto trabalhavam.

VIOLONCELO


Tem quatro cordas e arco. Até há alguns séculos, era usado com acompanhante, mas a partir de Beethoven muitos compositores deram-lhe destaque, especialmente para expressar, em solo, a música dramática.
Pablo Casals foi o maior violocenlista dos últimos tempos.


CONTRABAIXO


Instrumento de cinco cordas e arco, da família dos violinos, violas e violoncelo. É o maior de todos e o de tom mais grave. Por volta do século XVI era usado em igrejas com o nome de violão. Foi levado às orquestras no século XVIII. Seu papel principal é reforçar os baixos da orquestra.
Mozart, Wagner, Berlioz e outros compositores elevaram o contrabaixo à categoria de instrumento solista, em diversas obras, por sua capacidade de produzir notas profundas, fortes de grande potência.


HARPA


Um dos instrumentos de corda mais antigos. Foram encontradas representações da harpa nas necrópoles de Tebas no século XVIII a.C. Ainda conserva a forma original, embora tenha aumentado de tamanho. Era usada suspensa no pescoço por uma grande correia ou cinta. No começo do século XVII de nossa era, já era tocada na Itália.  Erard, seu aperfeiçoador ( hoje marca principal deste instrumento, na França), construi-a com 47 cordas e sete pedais - como é conhecida na versão atual.

PIANO


A não ser que se trate de um solo, no qual ele tenha o papel principal, só raramente o piano é usado na orquestra. Há quem o inclua na categoria de instrumento de corda e teclado, assim como o órgão. Este é muito pouco utilizado em orquestra e, em sua visão convencional, está associado à música sacra. Mas, como foi dito, em sua versão atual é capaz de reproduzir quase todos os sons de uma orquestra.



Instrumentos de sopro de madeira: Flauta, Flautim, Oboé, Corne Inglês, Clarinete, Clarinete baixo, Fagote, Saxofone.

FLAUTA



Originou -se na antiguidade. Até o Renascimento havia três tipos diferentes. Atualmenté, é composta por um tubo que pode ser dividido em três partes.  O instrumento também é chamado de flauta transversa.
Alguns compositores, como Mozart e Bach, escreveram sonatas e concertos especialmente para flauta.

FLAUTIM


É o instrumento mais agudo da orquestra moderna. Pertence à família da flauta. Seus sons mais agudos, altos e firmes, servem especialmente para descrever cenas fantásticas, barulhentas, movimentadas.


OBOÉ



Diferente da flauta e de outros instrumentos de sopro, por possuir palheta dupla. Sua origem é antiga, e alguns de seus modelos primitivos aparecem desenhados em monumentos egípcios. Nos  séculos XVII e XVIII, era usado para animar danças. Seu volume de som e seu timbre fizeram com que fosse muito adotado em óperas e em algumas obras de Bach e Haendel. Desde Schumann, é um dos instrumentos preferidos pelos compositores.


CORNE INGLÊS

É uma variedade de oboé. Seu mecanismo é igual ao deste, mas tem tubo mais comprido e largo. Incluído excepcionalmente em orquestras sinfônicas, quase sempre em solo.
Berlioz considerava-o o melhor dos instrumentos de sopro, para comover ou evocar imagens do passado.

CLARINETE



Consta que foi inventado por Denner, de Nuremberg, entre os anos de 1670 e 1700, tendo sido um aperfeiçoamento da antiga charamela usada pelos pastores. A partir de 1750, começou a ser incluído nas sinfônicas. Há varios modelos deste instrumento.
Mozart foi o primeiro compositor a aproveitar todos os recursos que ele oferece. Beethoven empregou-o na maior parte de suas composições e Berlioz deu-lhe um papel importante em   " Queda de Tróia". A "Valsa de Chopin" utiliza 24 clarinetes.
Existe também o instrumento de metal ( hoje, quase todos os de sopro são feitos nos dois materiais), mais adotados nas bandas militares.



                                                 Clarineta de Metal


CLARINETE BAIXO



É uma das variações do instrumento e produz tons mais graves que o anterior. Diz-se que foi criado pelo italiano Papalini, embora muitos achem que quem o inventou foi o alemão Greuser em 1793. Geralmente é usado em orquestras grandes e obras modernas.

FAGOTE


O fagote possuiu palheta dupla e é parecido com o oboé, no modo de soprar. Tem grande força de expressão, nos tons mais baixos, enquanto os mais altos podem produzir um efeito cômico.
Começou a participar das orquestras a partir do século XVII.

CONTRAFAGOTE


Com um tom mais baixo do que o fagote, é semelhante a este instrumento, mas aparece principalmente em orquestras grandes e obras modernas. A princípio, só utilizavam em bandas militares, na Inglaterra.

SAXOFONES


( soprano, alto, tenor e baixo): foram inventados pelo belga Adolphe Sax, em 1838 e tiveram grande aceitação por parte de Berlioz, mas não conseguiram um lugar de destaque na orquestra sinfônica, e quando aparecem é em geral como solistas.
Foram introduzidos com sucesso no jazz, sendo um de seus instrumentos principais. Firmaram-se também nas bandas militares de vários países. Seu manejo é semelhante ao do clarinete.


Instrumentos de sopro de metal: Trompa, Trombeta, Trombone, Tuba

TROMPA



de latão, bronze, cobre, prata ou outro metal - como a maioria de instrumentos de sopro feitos desse material - ela é formada por uma boquilha e um tubo enrolado, que termina num pavilhão aberto. Seu mecanismo de pistões permite que emita todos os graus da escala de sons. Descendente da trompa de caça, esta versão moderna tem um som belíssimo e é importantíssima na orquestra.
Haydn e Mozart deram-lhe destaques em vários de seus concertos e sinfonias, mas quem a utilizou com brilhantismo foi Wagner.


TROMBETA


Existe desde a antiguidade, quando era feita de cornos de animais, conchas ou tubos vegetais. Atualmente, com um sistema de pistões, emite todas as notas da escala o que lhe possibilita muitas variações.
Importante na orquestra, foi incluída nesta depois do século XVI.

TROMBONE



Geralmente de cobre, é formado por um tubo cilíndrico e varas corrediças, que transformam a altura dos sons. É um instrumento muito antigo, que tem sonoridade nobre e potente, mas também pode ser doce.
Há três tipos: o trombone contralto, o baixo e o tenor. Este último é o mais usado. Existe ainda o trombone de pistões ( estes substituem as varas).

TUBA



O maior instrumento de sopro; o de som mais grave e profundo. Existia no tempo dos antigos romanos, mas não na forma atual. Era, então, comprida e reta. A forma que tem hoje data do século XIX.
Wagner mandou construir um quarteto de tubas, com modificações, para suas representações em Bayreuth. Ficaram conhecidas como  as " tubas de Wagner."


Instrumentos de Percussão: Bombo, Pratos, Tambor, Timbales, Triângulos e outros

BOMBO




um tambor imenso, que produz os sons sob o impacto da batida de uma ou duas baquetas ( varas) de madeira. Já existia na antiguidade, em proporções ainda maiores. O instrumento era tão grande que exigia duas pessoas para tocá-lo: uma carregava-o nas costas e a outra dava os golpes com as baquetas.
Alguns autores afirma que foi Rossini quem o introduziu na orquestra; outros dizem que foi Spontini.

PRATOS





Este instrumento também chamado de Címbalo, nasceu no Oriente, e é formado por dois discos de metal ( liga de bronze e estanho). Quanto mais grossos seus pratos, mais agudo seu som;  quanto maior seu diâmetro, mais grave a sonoridade. Os pratos são tocados com uma baqueta ( pequena vara de madeira) de tambor.
Em a "Queda de Tróia", Berlioz conseguiu um efeito surpreendente, comovedor, com tremidos de címbalos.

TAMBOR


Bem menor do que o bumbo, este instrumento de percussão é tocado com dois pauzinhos, que ao baterem numa membrana de pele produzem as vibrações.
Originário do Oriente, apareceu na Europa em fins da Idade Média, mas desde a antiguidade já era conhecido.

TÍMBALES



conhecidos desde a antiguidade, são formados por uma caixa semi-esférica de cobre, com a parte de cima revestida de pele de animal. Sempre são usados dois ou três deles. Podem ser afinados com exatidão e de várias maneiras, durante a execução - o que não ocorre com os outros instrumentos de percussão.

TRIÃNGULO


composto por uma vara de aço, dobrada em forma triangular, com um dos ângulos aberto. É tocado com um pequeno martelo de metal.  O triângulo-  assim como os pratos, o gongo, as castanholas e outros instrumentos de percussão - é usado para a produção de efeitos especiais, sem altura definida de som.



FONTE: Suplemento Feminino - O Estado de São Paulo (4-7-1982)
fotos: Google -images


segunda-feira, 27 de junho de 2011

É HORA DE DANÇAR A QUADRILHA



Preparar a roupa típica e dançar a quadrilha. Em junho acontece uma das manifestações culturais que mais têm a cara do Brasil (além do carnaval): as festas Juninas. São Paulo não fica de fora e se rende  à tradição das quermesses e arraiais que se espalham pelas igrejas, escolas, clubes.
Tanta festança deve-se a três santos adorados pelos católicos brasileiros: Santo Antônio, São João e São Pedro, que tiveram uma ajuda para serem tão festejados, já que os dias em suas homenagens são próximos uns dos outros (13,24 e 29 de Junho).
A tradição das festas juninas no Brasil é antiga e foi trazida pelos colonizadores europeus, mas aos poucos foi incorporando os costumes locais.
Na época da colonização do Brasil, após o ano de 1500, os portugueses introduziram em nosso país muitas características da cultura européia, entre elas as festas juninas. Essas festas surgiram no período pré-gregoriano, como uma festa pagã em comemoração à grande fertilidade da terra, às boas colheitas, na época do solstício de verão, no dia 24 de junho, e cristianizada, na Idade Média, como festa de São João. Tradicionalmente conhecidas como Joaninas  receberam esse nome para homenagear João Batista. Assim, passou a ser uma comemoração da Igreja Católica, onde são homenageados três Santos: no dia 13 a festa é para Santo Antonio, no dia 24 para São João e no dia 29 para São Pedro.


No Brasil, recebeu o nome de junina porque acontece no mês de junho. Além de Portugal, a tradição veio de outros países europeus cristianizados dos quais são oriundas as comunidades de imigrantes chegados a partir de meados do século XIX. Ainda antes, porém, a festa já tinha sido trazida para o Brasil pelos portugueses e logo foi incorporada aos costumes das populações indígenas e afro-brasileiras. Os negros e os índios que viviam no Brasil não tiveram dificuldade em se adaptar às festas juninas, pois são muito parecidas com as de suas culturas.


A origem da quadrilha
A dança que é o ponto alto da festa junina, não surgiu no sertão do Brasil. A quadrilha tem suas origens ligadas à França, no início do século XIX e a Primeira Guerra Mundial. A “quadrille” francesa,  uma dança de salão para quatro pares, refinada, em que só os nobres podiam participar,  por sua parte, já era um desenvolvimento da “contredanse”, popular na corte do século XVIII. A “contredanse” por sua vez, se desenvolveu a partir de uma dança inglesa de origem campesina, surgida provavelmente por volta do século XIII, e que se popularizou em toda a Europa na primeira metade do século XVIII.
 “Naquela época a elite brasileira imitava o costume e colocava suas melhores roupas só para dançar a quadrilha. Era apresentada nos bailes da corte e os passos lembravam um minueto”, explica o auxiliar de marketing Diogo Ferreira Gatto, um dos integrantes do grupo folclórico “Quadrilha da Nova Geração”, que há sete anos integra quadrilhas que se mantêm fiéis ao estilo do século 18. “Desde criança as quadrilhas sempre me chamaram atenção, conheci o pessoal do grupo “Levanta Poeira” quando era adolescente e não parei mais”, diz Diogo em sua reportagem  para a revista Já, em 1 de junho de 2003.
Segundo Gatto, quando uma moça rica, ou sinhazinha, ia se casar, era feita uma quadrilha para apresentá-la aos cavalheiros. Assim ela poderia escolher quem seria o seu pretendente.
A dança só se tornou popular no Brasil quando desceu as escadarias dos palacetes e foi parar nas festas dos mais pobres. Ao longo do século XIX, a quadrilha se popularizou no Brasil e se fundiu com danças brasileiras pré-existentes e teve subsequentes evoluções (entre elas o aumento do número de pares e o abandono de passos e ritmos franceses). Ainda que inicialmente adotada pela elite urbana brasileira, esta é uma dança que teve o seu maior florescimento no Brasil rural (daí o vestuário campesino), e se tornou uma dança própria dos festejos juninos, principalmente no Nordeste.


A festa de São João brasileira é típica da Região Nordeste. Por ser uma região árida, o Nordeste agradece anualmente a São João, mas também a São Pedro, pelas chuvas caídas nas lavouras. Em razão da época propícia para a colheita do milho, as comidas feitas de milho integram a tradição, como a canjica e a pamonha.

O local onde ocorre a maioria dos festejos juninos é chamado de arraial, um largo espaço ao ar livre cercado ou não e onde barracas são erguidas unicamente para o evento, ou um galpão já existente com dependências já construídas e adaptadas para a festa. Geralmente o arraial é decorado com bandeirinhas de papel colorido, balões e palha de coqueiro ou bambu. Nos arraiais acontecem as quadrilhas, os forrós, leilões, bingos e os casamentos matutos.


Nessa região as comemorações são bem acirradas – duram um mês, e são realizados vários concursos para eleger os melhores grupos que dançam a quadrilha. A partir de então, a quadrilha, nunca deixando de ser um fenômeno popular e rural, também recebeu a influência do movimento nacionalista e da sistematização dos costumes nacionais pelos estudos folclóricos.
O nacionalismo folclórico marcou as ciências sociais no Brasil como na Europa entre os começos do Romantismo e a Segunda Guerra Mundial.
A quadrilha, como outras danças brasileiras tais que o pastoril, foi sistematizada e divulgada por associações municipais, igrejas e clubes de bairros, sendo também defendida por professores e praticada por alunos em colégios e escolas, na zona rural ou urbana, como sendo uma expressão da cultura cabocla e da república brasileira. Esse folclorismo acadêmico e ufano explica duma certa maneira o aspecto matuto rígido e artificial da quadrilha.
Sua sobrevivência até nossos dias deve-se ao trabalho educativo de conservação e prática feito pelos estabelecimentos do ensino primário e secundário, mais do que à prática campesina real.
A quadrilha brasileira tem uma coreografia em que diversos casais caipiras encenam um casamento na roça.
Desde do século XIX e em contato com diferentes danças do país mais antigas, a quadrilha sofreu influências regionais, daí surgindo muitas variantes:
  • "Quadrilha Caipira" (São Paulo)
  • "Saruê", corruptela do termo francês "soirée", (Brasil Central)
  • "Baile Sifilítico" (Bahia)
  • "Mana-Chica" (Rio de Janeiro)
  • "Quadrilha" (Sergipe)
  • "Quadrilha Matuta"

Hoje em dia, entre os instrumentos musicais que normalmente podem acompanhar a quadrilha encontram-se o acordeão, pandeiro, zabumba, violão, triângulo e o cavaquinho. Não existe uma música específica que seja própria a todas as regiões. A música é aquela comum aos bailes de roça, em compasso binário ou de marchinha, que favorece o cadenciamento das marcações.
Em geral, para a prática da dança é importante a presença de um mestre "marcante" ou "marcador", pois é quem determina as figurações diversas que os dançadores devem desenvolver. Termos de origem francesa são ainda utilizados por alguns mestres para cadenciar a dança.


Os participantes da quadrilha, vestidos de matuto ou à caipira, como se diz fora do nordeste (indumentária que se convencionou pelo folclorismo como sendo a das comunidades caboclas), executam diversas evoluções em pares de número variável. Em geral o par que abre o grupo é um "noivo" e uma "noiva", já que a quadrilha pode encenar um casamento fictício. Esse ritual matrimonial da quadrilha liga-a às festas de São João européias que também celebram aspirações ou uniões matrimoniais. Esse aspecto matrimonial juntamente com a fogueira junina constituem os dois elementos mais presentes nas diferentes festas de São João da Europa.  
Com o passar dos anos, as festas juninas ganharam outros símbolos característicos. Como é realizada num mês mais frio, passaram a acender enormes fogueiras para que as pessoas se aquecessem em seu redor. Várias brincadeiras entraram para a festa, como pau de sebo, o correio elegante, os fogos de artifício, o casamento na roça, dentre outros, com o intuito de animar ainda mais a festividade.
As comidas típicas dessa festa tornaram-se presentes em razão das boas colheitas na safra do milho. Com esse ceral são desenvolvidas várias receitas, como bolos, caldos,
pamonhas, bolinhos fritos, curau, pipoca, milho cozido, canjica, dentre outros.




CANÇÕES

CAPELINHA DE MELÃO
autor: João de Barros e Adalberto Ribeiro

Capelinha de melão
é de São João.
É de cravo, é de rosa, é de manjericão.

São João está dormindo,
não me ouve não.
Acordai, acordai, acordai, João.

Atirei rosas pelo caminho.
A ventania veio e levou.
Tu me fizeste com seus espinhos uma coroa de flor.
__________________________________________

PEDRO, ANTÔNIO E JOÃO
autor: Benedito Lacerda e Oswaldo Santiago

Com a filha de João
Antônio ia se casar,
mas Pedro fugiu com a noiva
na hora de ir pro altar.

A fogueira está queimando,
o balão está subindo,
Antônio estava chorando
e Pedro estava fugindo.

E no fim dessa história,
ao apagar-se a fogueira,
João consolava Antônio,
que caiu na bebedeira.
__________________________________________
BALÃOZINHO 

Venha cá, meu balãozinho.
Diga aonde você vai.
Vou subindo, vou pra longe, vou pra casa dos meus pais.

Ah, ah, ah, mas que bobagem.
Nunca vi balão ter pai.
Fique quieto neste canto, e daí você não sai.

Toda mata pega fogo.
Passarinhos vão morrer.
Se cair em nossas matas, o que pode acontecer.
Já estou arrependido.
Quanto mal faz um balão.
Ficarei bem quietinho, amarrado num cordão.
__________________________________________
SONHO DE PAPEL
autor: Carlos Braga e Alberto Ribeiro

O balão vai subindo, vem caindo a garoa.
O céu é tão lindo e a noite é tão boa.
São João, São João!
Acende a fogueira no meu coração.

Sonho de papel a girar na escuridão
soltei em seu louvor no sonho multicor.
Oh! Meu São João.

Meu balão azul foi subindo devagar
O vento que soprou meu sonho carregou.
Nem vai mais voltar. 
__________________________________________

PULA A FOGUEIRA

autor: João B. Filho

Pula a fogueira Iaiá,
pula a fogueira Ioiô.
Cuidado para não se queimar.
Olha que a fogueira já queimou o meu amor.

Nesta noite de festança
todos caem na dança
alegrando o coração.
Foguetes, cantos e troca na cidade e na roça
em louvor a São João.

Nesta noite de folguedo
todos brincam sem medo
a soltar seu pistolão.
Morena flor do sertão, quero saber se tu és
dona do meu coração.
__________________________________________
CAI, CAI, BALÃO

Cai, cai, balão.
Cai, cai, balão.
Aqui na minha mão.
Não vou lá, não vou lá, não vou lá.
Tenho medo de apanhar.
             ­__________________________________________

             

 Fonte: Denilson Oliveira - revista Já (2003)
Wikipedia-enciclopedia livre
Jussara de Barros- equipe Brasil Escola
imagens: Google
video: youtube- MarioZan e sua banda
postado por Yara Virginia - 27/6/2011 - 16.20



terça-feira, 10 de maio de 2011

CANTINHO DA POESIA

MAIS DUAS POESIAS DA NOSSA COLEGA CORALISTA
KELLY MEDEIROS

"Eu só quero que saiba"

Eu só quero que saiba
que te sinto aqui
como todas as músicas
que me fazem sorrir.

E só sou mais alguém
que te ama também
E que feliz assim te faz,
por sonhar sempre mais?

Não se preocupe comigo
pois não esqueço de mim
Eu só quero amar
eu não vou me enganar.

O que sinto é tão forte
que não consigo partir
Eu só quero que saiba
que estarei sempre aqui.

autora: Kelly Medeiros

"Razões para sonhar"

Este céu de Deus é tão lindo
e o azul do mar...
com você sorrindo
Razão para sonhar.

E o sol nascendo...
e este amor crescendo
com a brisa batendo
Razão para sonhar.

E o cheiro da chuva
com um banho de sol
e a claridade da flores
Razão para sonhar.

Com os pássaros voando
e a música tocando
O pôr do sol chegando
Razão para sonhar...

autora: Kelly Medeiros
 

10/5/2011

sexta-feira, 29 de abril de 2011

MITOLOGIA: ORFEU E EURÍDICE: UM TRÁGICO DESTINO



Ao som de sua cítara as feras tornavam-se mansas e se deitavam a seus pés, os pássaros juntavam-se nas árvores em torno dele, os ventos dirigiam-se para a melodia, os rios paravam para ouvir – isso, e muito mais, era o que os poetas diziam de ORFEU, filho do rei da Trácia,  Éagro, e de sua musa Calíope.
Após a sua educação na Trácia, ele foi para o Egito, a fim de ser iniciado nos mistérios de Osíris. Não era fácil ser aceito no templo da Esfinge, mas ele conseguiu esse feito. Percorreu todas as etapas, superou todas as provas, até o dia em que o sumo sacerdote, conduzindo-o ao mais secreto recanto do templo, deu-lhe a conhecer o grande Arcano ou, como se dizia então, tirou-lhe a venda das trevas e deu-lhe a luz.
Voltando à pátria, utilizou-se da cítara, não para amansar as feras, mas para tocar o coração dos homens e iniciá-los, gradualmente, nos mistérios que Dioniso já introduzira na Hélade.
“Órficos”, então, foram chamados em sua honra esses mistérios dionisíacos nos quais eram revelados os segredos do além-túmulo e ensinava-se a expiar os crimes como condição necessária para entrar, purificados, no reino dos mortos.
Ao voltar da Cólquida com o Tosão de Ouro conquistado por Jasão, Orfeu superou no canto as fascinantes e perigosas Sereias, salvando assim toda a tripulação do navio.
Depois divulgou na Grécia o culto de Dioniso e de Perséfone: não comia carne e sobretudo abstinha-se de comer ovos, porque aprendera no Egito que o ovo é o princípio de tudo o que vive; conhecia a estreita analogia entre o ovo, o homem e o mundo.
Graças a ele o povo grego tornava-se cada vez mais consciente das forças e das leis que governam o reino dos vivos e dos mortos, evoluía interiormente, começando a colocar os primeiros e grandes “ porquês” sobre a vida dos deuses e do homem,  reconhecendo na música uma linguagem universal,  inteligível pelos mortais e pelos eternos.
Mas o nome de Orfeu está também ligado ao de Eurídice num trágico destino.
Eurídice era uma ninfa (ou a alma de Orfeu?) por quem ele se apaixonou, casando-se com ela. No dia das bodas, para subtrair-se ao desejo de Aristeu, filho de Apolo, a ninfa fugiu ao longo da margem de um rio. Estava descalça, e uma serpente, provavelmente uma víbora, mordeu-lhe o pé. Eurídice morreu.
Então Orfeu, para quem o reino dos mortos não era desconhecido, pois sua iniciação nos mistérios de Dioniso ensinara-lhe a conhecer o além-túmulo,desceu ao inferno para recuperar a jovem esposa, isto é, para ter conhecimento de todas as encarnações de sua alma.  Com o suavíssimo  som de sua cítara, conseguiu de Hades e Pérsefone a permissão para reconduzir Eurídice à terra como uma sombra, e que ele não se virasse para olhá-la até  chegarem em casa. Ao sair dos ínferos, Orfeu não resistiu à tentação de rever a esposa amada; virou-se, e ela desapareceu para sempre.
Talvez, em sua dor inconsolável, Orfeu tenha falado do mundo subterrâneo, dos meios e modos usados por ele para chegar à presença das divindades infernais – ele traiu, provavelmente, os segredos da passagem da vida para a morte e da morte para um novo nascimento, isto é, os mistérios de Elêusis, guardados pelas Mênades nos templos de Dioniso; e as Mênades, enfurecidas, mataram-no e partiram-no em pedaços.
Mas as Musas recolheram os membros dispersos do grande cantor e os sepultaram na Piéria com todas as honras. Sua Cítara, confiada ao rio Hebro, desceu até o mar, alcançando a ilha de Lesbos, onde depois nasceram muitos poetas.
A Orfeu foi erguido um templo, confiado aos cuidados de seus discípulos, os “órficos”, e Dioniso, pela boca de seu hierofante, anunciou que Orfeu, o querido aluno de Apolo e das Musas, tornara-se um deus.

Pequeno Dicionário
Calíope – filha de Zeus com Mnemósine ( a  Memória) – uma das nove musas.  Calíope ( de bela voz)  preside a poesia épica e a eloqüência.
Dioniso ( ou  Baco, romano) – filho de Zeus e Sêmele – Dioniso é o fogo divino que inflama e exalta o espírito  e a ação.
Jasão – filho de Éson, rei de Iolco, na Tessália, criado pelo centauro Quíron.
Sereias – seres fabulosos com busto de mulher e corpo de peixe: moravam na costa da Sicília e atraiam com seu mágico canto os viajantes que passavam por aqueles lugares.
Perséfone – filha de Zeus e Deméter- raptada por Hades, irmão de Zeus e senhor do reino das trevas eternas,  deusa do reino dos infernos.
Elêusis – cidade distante de Atenas, cerca de 4 horas.
Mênades – ou possuídas eram as sacerdotisas arrebatadas pelo deus Dioniso, isto é bêbadas de vinho, também conhecidas como bacantes.
Musas - filhas de Zeus e Mnemósine- São elas: Clio, Euterpe, Melpômene, Talia, Érato, Polímnia, Terpsícore, Urânia, Calíope.
Fonte: Mitologia: O primeiro  encontro – Bruno Nardini





quinta-feira, 14 de abril de 2011

ORQUESTRA SINFÔNICA



O termo orquestra vem do grego - Orkhestra, que na Grécia Antiga era o espaço semicircular, entre a cena e os espectadores, onde o Khoros ( coro) cantava e executava as danças.
A palavra orkhestra, por sua vez, deriva de orkheistai, dançar. Com o tempo, orquestra passou a significar um conjunto de vários instrumentistas que executam uma obra musical qualquer. No sentido que neste artigo interessa, significa conjunto de vários instrumentistas que executam uma obra sinfônica.
Os conjuntos de instrumentos são conhecidos desde as primeiras dinasticas egípcias e, durante muitos séculos, limitram-se a três ou quatro intérpretes. Com o gradativo enriquecimento das formas instrumentais, foi possível dividir os instrumentos em famílias, nomeando-se cada um por seu modo de tocar: cordas, sopros e percussão. Essa divisão ocorreu no século XVI, quando se teve a idéia de reunir os vários membros de cada família em grupos sonoros, de acordo com os timbres correspondentes.
No início do século XVII, o compositor Claudio Monteverdi ampliou o número de elementos desses grupos, e sua orquestra chegou a incluir 36 participantes. No século seguinte, o francês Jean-Phillipe Rameau, aumentou esse número para 47, total que se manteve até as últimas sinfonias de Mozart, no fim do século XVIII. Com Beethoven ( 1770-1827), a orquestra sinfônica sofreu um pequeno aumento  no âmbito de cada família, incluindo até sessenta executantes. Mas foi com o francês Berlioz ( 1803-1869) que ela se distribuiu na forma em que hoje a conhecemos, atingindo, quando necessário, um total de 110 instrumentistas. E, a partir de Wagner ( 1813-1883), adquiriu a personalidade atual.






AS CORDAS

As cordas são a espinha dorsal da orquestra. Como grupo, possuem agilidade técnica e grande fluência, abrangendo uma faixa de possibilidades sonaoras mais ampla que a dos sopros.
Os violinos divididos em primeiros e segundos são os instrumentos de som mais agudo dessa família e situam-se, habitualmente os primeiros à esquerda do regente, os segundos à direita - os dois grupos frente um ao outro, separados pelo podium ( estrado onde se coloca o maestro). Modernamente, podem ser todos agrupados à esquerda. Numa ou outra posição, são encabeçados pelo primeiro violino -spalla, em italiano -, que, depois do regente, é o comandante de toda a orquestra.  Por ser líder, a ele competem também os solos do grupo.
Semelhantes ao violino, as violas são um pouco maiores que estes e seu som é ligeiramente mais grave. Em geral, colocam-se à direita do regente.
Os violocelos, por serem maiores, ficam presos entre os joelhos dos excecutantes e apresentam sons graves; colocam-se à frente ou à direita do maestro.
Os contrabaixos - instrumentos de som mais grave da família - dispõem-se na parte de trás da orquestra ou à extrema direita do regente. Por serem muito grandes, seus executantes tocam-nos de pé ou sentados em banquetas.
As harpas, que são dedilhadas, situam-se onde melhor aprouver ao regente.

OS SOPROS

Entre os sopros - feitos de madeira ou metal -, a flauta é o instrumento de som mais agudo, apenas sobrepujado pelo flautim, pequena flauta também chamada piccolo.  Costuma-se incluí-la entre as madeiras, muito embora seja atualmente fabricada em metal.
Entre os sopros de madeira estão ainda, o oboé e o clarinete, instrumentos de sons agudos e médios; em seus sons mais graves, são complementados , respectivamente, pelo corne-inglês e pelo clarinete-baixo (clarone).
O fagote, finalmente, ocupa nesse grupo a posição dos violoncelos nas cordas, sendo complementado  pelo instrumento de som mais grave entre as madeiras: o contrafagote.
Os sopros de metal são instrumentos de grande efeito e, em solo ou conjunto, expressam dramaticidade ou grandiosidade, o que as cordas e os sopros de madeira por si sós não conseguem. Os trompetes (ou pistões), de sons médios e agudos, são capazes de considerável agilidade sonora. Os trombones, por sua vez, são lentos, mais pondeerados e majestosos, abrangendo sons médios e graves. A tuba - instrumento de som mais grave entre os metais- coopera com os contrabaixos na missão de conseguir apoio para a estrutura harmônica da orquestra. Já as trompas são elementos híbridos nesse grupo, pois sua sonoridade às vezes se aproxima das madeiras. Habitualmente, os sopros de madeira colocam-se no centro do conjunto; atrás destes, os metais.

PERCUSSÃO

os instrumentos de percussão, responsáveis sobretudo pela acentuação e marcação dos ritmos, são liderados pelos tímpanos, conjunto de tambores de grandes dimensões, capazes de produzir sons de alturas diferentes. Outros integrantes da família são a caixa, o bombo, o triângulo, os pratos, o tantã, o pandeiro, os sinos e o xilofone.

Por escolha do compositor, podem ainda participar da orquestra sinfônica o piano, o órgão, o cornetim, o saxofone, etc..












fonte: A Arte da Música- Victor Civita
imagens: Google
vídeo: OSESP - Itinerante- O Guarani II- abertura